quarta-feira, 6 de julho de 2011

(Não sei o que este post vai dar...)

Tenho a cabeça cheia de coisinhas, mesmo cheia, e preciso das deitar cá para fora. Para quem tiver paciência, aqui vai.

Há um ano atrás era responsável da equipa de controlo de qualidade de uma empresa, não ganhava mal, mas achava pouco para tudo o que fazia (que hoje vejo que não era assim tanto), mas, principalmente, para tudo o que tinha que suportar diariamente. Era uma empresa familiar, em que toda a família lá estava a mandar em qualquer coisa e as discussões eram frequentes, tanto entre eles, como com os funcionários. Sentia uma pressão imensa, chegava a ainda estar a entrar na empresa e já vinham discutir comigo. Sempre tive a certeza de estar a fazer um bom trabalho, de ser a melhor funcionária que poderiam ter no cargo, mas o reconhecimento dos patrões era ofuscado pela necessidade de descarregar os problemas da empresa nos funcionários. Não era só eu que passava por isto, toda a gente que lá trabalhava sentia o mesmo. Como eu nunca fui de aguentar o que não me faz feliz, no dia 2 de Agosto despedi-me. Depois de uma discussão muito feia, em que o meu profissionalismo foi posto em causa, em que as minhas certezas foram questionadas de forma violenta, em que chegaram todos à conclusão de que eu tinha tido sempre razão, tendo que me pedir desculpa, eu não quis saber de mais nada. Saí de lá sem nada e com uma indemnização para pagar por não avisar com antecedência. Nesse dia respirei de alívio e começaram as novas preocupações. E agora? Sem direitos nenhuns, sem prespectivas de trabalho, sem possibilidade de aguardar. Depois de enviar currículos aos montes, de fazer formações para passar o tempo e ganhar uns trocos, surgiu a oportunidade imperdível de negócio. Era um sonho de nós os quatro, ou melhor, de nós os três, porque o meu marido nunca esteve de acordo. Íamos ter a nossa fábrica, alugada, mas que nos faria ricos em três tempos. Abrimos a empresa, fizemos contratos, iniciámos a actividade. O banco deu crédito e começou o sonho. De início havia dinheiro para tudo, nenhum fornecedor ficava mal, pagava a pronto. As vendas nunca arrancaram. A concorrência é muita, muitas vezes desleal, impossível de combater, porque empresas com anos de mercado não se vencem em 8 meses. Estamos na pior fase do ano, por ser um produto muito sazonal, fase em que já esperávamos estar "à vontade". Não estamos, pelo contrário. Temos prespectivas de um bom cliente que vai entrar, mas que demora mais do que era suposto e que nos está a deixar a negativo. Só eu dependo directamete da empresa, sem ter direito a nado caso corra pelo pior, o que me deixa maluca. Agora só temos que esperar que o cliente chegue para nos tirar do buraco, se isso não acontecer em tempo útil, vamos pertencer à estatistica de empresas que abrem falência. O crédito tem que ser pago e o dinheiro tem que aparecer de algum lado. A atitude mantém-se positiva (dentro do possível e dependendo dos dias) e os braços não se baixam. Entretanto já comecei à procura de emprego, em qualquer coisa, nem que seja em part-time, para não estar tão dependende deste projecto que me deixou pior do que estava há um ano atrás...

Enquanto isto tudo acontece, vou tentando encontrar 1001 formas de não fechar a empresa, mesmo que tenhamos que abandonar a produção, que acarreta demasiados custos fixos.

(Ainda está aí alguém?)

Desculpem qualquer coisinha, prometo que, a partir de hoje, os meus posts vão ser cheios de cor e alegria, cheios de boas ideias e sorrisos.

3 comentários:

Dreia disse...

Só te posso desejar toda a sorte do mundo!

Ana disse...

Obrigada*

Vera disse...

Não há que pedir desculpa pelos desabafos, à coisas que tem mesmo que sair e que sabem bem.
Um blog é parte disso...um escape...um desabafo :)

Beijinhos e força aí