quarta-feira, 19 de março de 2014

Feliz Dia do Pai

O meu pai sempre foi desligado, sem grandes afetos, sem colo, sem mimos. É o meu pai, mas sempre senti a falta de um verdadeiro pai.
Quando lhe ligo a desejar um bom dia do pai, diz-me sempre que a minha irmã mais velha já lhe ligou. Eu riu-me. Estou habituada à frieza e não espero nada dele. Quando me liga não é para saber se estou bem, é por algum motivo que o levou meeeesmo a ligar. Dá-me os parabéns no meu aniversário porque a minha mãe o avisa. Quando soube eu estava grávida, das duas vezes, não me deu os parabéns, disse "deixa lá ver quando nascer".
Eu sei que ele me ama como pai, mas nunca o foi verdadeiramente. Eu hoje vivo bem com isso. Habituei-me. Mas sempre desejei dar aos meus filhos um Pai. E dei.
 
O meu marido tem um paizão, daqueles que se preocupa, que liga todos os dias, que cuidava dele em pequeno e dava colo. Talvez por isso ele tenha aprendido o que significa ser pai. E é o melhor do mundo. Disso não tenho dúvidas.
 
O Afonso adora-o, vê nele um amigo, um companheiro de brincadeiras e um porto seguro. O pai dá colo, muda fraldas sem precisar de pedir, dá o banho todos os dias, levanta-se quando ele chora à noite, arruma a mochila para a escola todas as manhãs, dá sopas, papas e chocolate, dá batatas fritas às escondidas e às claras. 
 
Agora, com a gravidez, agarrou-se ao Afonso com unhas e dentes, como se tivesse medo de o perder por vir outro a caminho. Como se quisesse dizer-lhe que ele seria sempre o seu menino, esquecendo-se que o segundo filho nunca iria substituir o primeiro.
Passadas 10 semanas já sabe que vai ter mais um companheiro/a para a vida e que o filhos vão ser mais felizes juntos do que o Afonso alguma vez seria sozinho.
Sei que o meu marido vai ser ainda melhor pai quando forem os dois, que vai encher o peito de amor e orgulho por ter dois filhos e lhes dar os melhores mimos do mundo.
 
O meu marido é o pai que eu não tive, mas que dei aos meus filhos. E isso basta-me.
Isso e ter aceitado que tenho um pai que nunca me vai dar mimo, mas que gosta de mim.

3 comentários:

Susana Andrade disse...

Ana és tu com um pai desligado e eu com a minha mãe, o meu pai desde que teve cancro num rim e teve que o tirar aproximou-se mais de mim mas a separação dele da minha mãe antes disso apenas o afastou... Eu tento aprender com os erros dos outros porque muitas das vezes quem erra não vê com clareza o mal que faz a si e aos outros.

Ana disse...

Infelizmente os pais (quase) nunca são como gostaríamos.
A melhor forma de nos "vingarmos" deles é sermos os melhores pais do mundo para os nossos filhos.
Eu tenho uma super-mãe, que sempre fez os dois papeis com as 3 filhas, mas um pai presente fez-nos falta.

Susana Andrade disse...

Adorei o 'vingarmos' deles sendo melhor pais para o nossos filhos - é uma grande verdade pois é assim que eu tenho agido e pretendo continuar ;o)
Beijinho