sábado, 3 de setembro de 2011

A minha alegre casinha

Vivo numa casa alugada. Faz, no dia 16, três anos que vim morar com o meu marido. Tinha acabado de tirar o curso e estava, apenas, à espera de arranjar emprego para sair da casa dos pais. Estava farta de depender dos meus pais, cada vez me identificava menos com o dia-a-dia deles, com a sua forma de atravessar e resolver os problemas, com a própria casa. Precisava de mudar de vida rapidamente. Arranjei trabalho com facilidade, cheguei mesmo a recusar alguns, e ia ganhar um bom dinheirinho. O marido já trabalhava e o passo seguinte foi encontrar uma casinha para vivermos. Procurámos na nossa zona, em várias terras, casas baratas para alugar. O nosso objectivo era comprar casa em pouco tempo. Encontrámos apenas uma pronta a entrar, vazia e muito, muito barata. Era nova, com apenas um quarto e com áreas muito boas. Era perfeita e nós (ele) tinhamos dinheiro para comprar mobília e tudo e tudo. Comprámos uma mobília de quarto boa e cara, um sofá muito confortável, electrodomésticos essenciais o mais baratos possível (máquina de lavar roupa, frigorifico, fogão), um LCD grande e caro (foi a extravagância) e restante mobília, louça, utensílios, textéis e tudo o que fazia falta no IKEA, o mais barato possível e com uma lista bem definida. Gastámos bastante dinheiro, mas tinhamos a nossa casa, decorada à nossa vontade e com as nossas coisas.

Durante estes três anos muitas foram as vezes em que pensámos comprar casa, outras tantas tentativas de o fazer, com direito a muitas visitas a bancos, planos de decoração e arrumação, planos para uma vida nova, na nossa casa. Nunca se concretizou e ainda bem. Hoje vejo como é bom não ter casa própria, seria apenas por ser o esperado e o visto como normal. Continuamos a ser apenas os dois, com as mesmas necessidades que tinhamos há três anos atrás. Fomos comprando aquilo que nos apeteceu, melhorando pequenas coisas e sabemos que pagamos a renda sem qualquer problema e sem o peso de um crédito bancário. É verdade que a casa nunca será nossa, nem eu queria, pois não é o meu sonho de casa, mas nunca pagaria tão pouco, nem nunca estaria tão descansada. Continuamos a querer comprar casa, ou talvez construir uma a nosso inteiro gosto, mas não temos pressa. Qual é o interesse de comprar uma casa que vale pouco e pagar muito? Muitos juros, muito spread, muito tempo... Vamos esperar que as coisas se tornem mais fáceis ou que as nossas necessidades mudem. Até lá, este é o nosso cantinho, o nosso lar.

3 comentários:

Dreia disse...

Tambem vivo num apartamento alugado há 3 aos e só desgosto, porque ao contrario de ti já veio com recheio (nao muito bonito ou confortavel) e daí nao poder decorar há minha maneira. No minimo gostava de mudar de apartamento por enquanto, até por causa do bebé, que vai precisar de quarto e espaços amplos!
beijinho

Ana disse...

Pois, isso era uma coisa que me preocupava. Uma "decoração" feita por outros, normalmente com "sobras" de outras casas, é muito impessoal. Boa sorte para encontrarem o vosso cantinho.

Bjinhos*

Fuschia disse...

Eu sempre vivi em casa alugada e sei de cor todas as desvantagens. Mas quando eu o Fuschio quisemos viver juntos, a nossa 1ª opção foi alugar. Acho que é sempre uma opção correcta, não compromete, não gosta, sai no mês a seguir. Só que as rendas eram muito altas para o tipo de casas que estávamos a encontrar e como tínhamos dinheiro de parte que poderíamos investir numa casa própria, decidimos fazer esse investimento. Mas decidimos depois de pensarmos muito, fazermos contas, pesarmos os prós e contras. Fizemos o contrato da casa em Março de 2010, apenas há um ano. O nosso spread nem chega a 1% e hoje em dia está a 2%, 3% ou mesmo 4%! É a loucura! É uma loucura comprar casa actualmente e acho que as pessoas devem ser sensatas e não encarar a impossibilidade de comprar uma casa como uma frustração.