quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Amor de irmãos

O Afonso não gosta de qualquer pessoa. Custa a dar-se um bocadinho a alguém, por vezes não se dá de todo.
O Afonso tem ciúmes de quem se aproxima dos pais, dos avós, dos tios. Fica fulo se ousam tocar-me, nem que seja o pai.
O Afonso não partilha. O que é dele é dele, ninguém mexe.

Mas o Afonso tem um irmão. O pequenino que o faz ser diferente, que o faz dar-se sem precisar de fazer nada, com quem partilha a mãe e toda a família, a quem oferece as suas coisas.
Corre para ele quando chora e tenta calá-lo com festas, conversa, brinquedos.
Chama-lhe bebé, sem mais, mas se alguém se aproxima do "bebé" franze o sobrolho e diz "é minha!".

O Afonso ama o mano com todo o seu coração pequenino. Não tem tradução o brilho dos olhos dele quando cruza olhares com o mano.

O Manel nasceu com um mano mais velho e a vida dele será sempre mais preenchida e feliz. O Manel não vai nunca saber o que é não partilhar, mas vai saber bem o que é o verdadeiro e único amor de irmãos.

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