Estou aqui, mas toda partidinha.
Funcionários de férias e patrões a bulir à maluca.
Estou viva, mas sem força nem folego para escrever.
A viagem foi curta, mas ainda tenho muito para contar. Fica um pequeno diário, dividido pelos dias que passaram.
5a feira
O marido levantou-se às 5 da matina e foi trabalhar. Eu acordei o Afonso à hora normal (foi mais ele que me acordou) e deixei-o na creche. Quando cheguei ao trabalho já tinha quase tudo feito. Recados dados aos funcionários, tudo preparado, siga!
Fomos para casa, apanhámos o Afonso depois do almoço e rumámos à capital.
O carro ficou à guarda de um serviço de estacionamento que o aeroporto de lisboa tem, em que um senhor apanha o carro à porta e o leva para o estacionamento. À chegada está à nossa espera. Não é nada caro e é muito conveniente.
O voo foi tranquilo e o Afonso portou-se lindamente, como em toda a viagem.
Do aeroporto de Malpensa apanhámos o autocarro, depois metro e depressa estávamos no hostel.
Foi a primeira vez que fiquei hospedada num hostel. Já dormi em algumas pousadas da juventude em Portugal, mas nunca num hostel.
Depois de pagas as contas começaram a surgir as almofadas. Seguiram-se os lençois, as mantas e, por fim, as toalhas (pagas à parte). Quando olhámos à volta, estávamos enterrados em roupa. Ri tanto, mas tanto, que já estava tudo a rir naquela recepção.
Toca a fazer camas e a dormir, que já eram 2 da manhã de um dia longo e a viagem ainda estava só a começar...
Ligámos para a Telepizza às 20.20h e disseram-nos que estaria aqui passados 30 minutos. Passaram 50 minutos, ligámos a saber a que horas pensavam vir. Estava mesmo a chegar.
Passaram mais 20 minutos. Ligámos outra vez. Se não viesse dentro de 5 minutos já não a queriamos. Estava a chegar. E as nossas barrigas a roncar.
Passaram 20 minutos. Ligámos e a pizza foi devolvida porque ligaram ao cliente (nós) e disseram que não tinham pedido nada. Eu expliquei que devia haver um engano. 50% de desconto na próxima encomenda e a pizza vai já, já para aí.
Passaram 20 minutos. Ligámos. Estava mesmo a chegar.
Passaram 15 minutos. Já não queriamos pizza. Era pena que o rapaz já estava mesmo a chegar. Recebíamos até 5 minutos.
Passaram 10 minutos. A pizza chegou.
O marido foi ver se estava fria. Estava gelada e não era a nossa!
Ficou cá, de graça e com muitos pedidos de desculpa.
Pedimos uma pizza de bacon e carne picada às 20.20h e comemos uma pizza de pepperoni às 22.50h.
Ver o meu nome e o do homem que eu escolhi para companheiro para o resto da vida lado a lado na parte de trás do cartão do cidadão do nosso filho.
Ele hoje adormeceu agarrado ao meu pescoço. Queria mimo da mamã e eu dei, como sempre.
Abraçou-me e adormeceu, respirou fundo e deixou-se ir para o mundo dos sonhos azul-bebé...
Tive um serviço de finanças a trabalhar só para mim. Mais os que estavam do outro lado do telefone.
Motivo: falta de cruzamento de pagamentos, com direito a coima pesadíssima sobre um imposto já pago...
E porem essa merda a trabalhar como deve ser?
E depois dão-me meia folha como comprovativo de um pagamento. Para pouparem...
Na verdade foi na noite passada, pela madrugada.
Há já algum tempo que estamos a fazer o desmame nocturno ao Afonso, por isso, quando ele acorda "cedo" vai o pai voltar a adormecê-lo.
Esta noite acordou num pranto, queria-me a mim e apontava para a porta do quarto dele.
Eu estava deitada mas tinha o coração apertadinho por o ouvir chorar com tamanha aflição. Levantei-me e fui até à porta do quarto dele.
Ouvi o PAI a acalmá-lo de uma forma tão ternurenta... "olha lá, filho, são os olhinhos, olha aqui a boquinha... encosta ao pai que o pai dá miminhos..."
O bichinho calou-se, encostou-se ao pai e adormeceu com miminhos.
Senti o coração cheio. Confirmei o que sempre soube: dei o melhor pai do mundo ao meu filho!
Há 18 meses eramos só nós os 2.
Na cama do lado da janela de um quarto de 3, eramos só os 2 no meio dos outros.
Conhecemo-nos nesse dia. Amei-te desde o momento em que senti o teu corpo quentinho em cima do meu. Chorei ao tocar-te, de dor, de alivio, de amor. Um amor que saiu do meu peito para crescer cá fora.
Passei a noite contigo ao meu colo, a adorar-te, a conhecer-te, a amamentar-te, a cheirar-te. Tu estavas calmo ao meu colo, sei que me amaste desde sempre e te sentiste seguro.
A nossa primeira noite foi mágica.
Há 18 meses o melhor do meu dia foi o melhor da minha vida.
Ver o meu filho a atirar uma caixa cheia de brinquedos para o chão e a seguir atirar-se de barriga para cima do monte de brinquedos. E rir-se que nem um perdido.
No sábado fui fazer um piquenique num sítio lindo, com água, campo e mesas de pedra.
As crianças correrem muito, mandaram pedras para a água, comeram com vontade e adoraram o dia.
Estava muito frio, o céu estava nublado e ficou a promessa de voltarmos na Primavera.
Passei a noite na casa dos meus pais, comi a comidinha da mamã, reuni com os sócio (marido, irmã e cunhado) para tratar de assuntos importantes da empresa à volta da mesa e passei um belo fim de semana.
Estar irritada e telefonar à minha irmã, desabafar com ela e acabar a conversa a rir.
Ter numa irmã a melhor amiga é ter uma parte de nós a ouvir-nos, a confortar-nos, a amar-nos como nós a sabemos amar também.