Quando estamos uns meses a tentar engravidar, a gravidez passa a ser o objectivo, não o bebé. A coisa torna-se mecânica e só pensamos no dia em que vamos ter o positivo, deixamos de pensar no dia em que vamos ter um bebé nos nossos braços para amar. Contamos dias, marcamos "treinos", desejamos a ovulação como se fosse um presente que o nosso corpo nos dá, esperamos pelo dia em que o malvado não deverá aparecer, temos sintomas, fazemos testes sem acreditar que possam dar positivo, mas sem perder a esperança, e ele lá aparece, no dia certo, como se nada tivesse acontecido. Para além de muito desgastante, tentar engravidar torna-nos estranhas. Passo a explicar: Antes, olhava para uma grávida e pensava "Que bom, deve estar tão feliz"; Agora, olho para uma grávida e penso "Como é que ela conseguiu? Sortuda!". Não consigo perceber como é que se engravida sem querer, como é que alguém se esquece de tomar a pílula um dia, UM, e engravida, como é que eu própria tinha um medo terrível de uma gravidez não desejada. Foi difícil tomar a decisão de que estava na altura certa, tinhamos muitos receios e achámos muitas vezes que era cedo. Quando decidimos pensámos que o resto eram favas contadas. Cá continuamos a contar favas, sem resultado.
De há uns dias para cá, a minha veia materna despertou mais forte que nunca. Estive umas semanas mais "desligada" do assunto, sem querer pensar muito nisso, isso mudou. Tenho pensado nos bebés, pequeninos, frágeis, a necessitar de toda a atenção e a merecer todo o amor. Tenho um casamento muito feliz, em que o amor não falta, em que faz falta mais alguém para o partilhar. Abrimos o coração para amar o nosso filho, mas ele tarda em aparecer e o coração já sofre...
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