Há uns anos atrás foi diagnosticada Leucemia à irmã de uma das minhas melhores amigas. Com apenas 11 anos esta menina já se deparava com uma das doenças mais mortais e desgastantes que podem existir. As mudanças foram muitas e evidentes, a família ficou amedrontada, a minha amiga tinha a torneirinha das lágrimas frouxa e ao mínimo toque abria. Vieram as mudanças físicas que uma doença destas acarreta, as mãos, os pés, a barriga e a cabeça estavam sempre inchados e o resto do corpo parecia querer desaparecer. Os cabelos loiros iam desaparecendo de dia para dia, os espaços em aberto eram como facas a espetar o coração de quem a amava e queria proteger sem o puder fazer. Não conseguia andar mais de uns metros, ir à escola era então o seu maior desejo, ver as amiguinhas era doloroso, pois meninas tão inocentes não conseguem disfarçar a incredulidade e a dor de ver tal mudança. Em poucos meses uma princesa de 11 anos transformou-se numa senhora de idade, à beira do último suspiro de vida... Ainda hoje me emociono só de lembrar tanta dor e tanta esperança. Muitas foram as vezes em que liguei à minha amiga e tive medo de a ouvir chorar a morte da irmã. Esteve muitas vezes para acontecer. Felizmente a menina de 11 anos transformou-se numa linda mulher, com os seus cabelos loiros de volta, sem réstia de doença e com uma luz nos olhos que poucos algum dia conseguem alcançar.
Nesses tempos díficeis, em que era urgente que aparecesse um dador de medula óssea, e ainda sem ter idade para o ser, prometi a mim mesma que o faria um dia por aquela menina e por todos os que passam pelo desespero de uma doença em que muitas vezes se perde por não haver um simples pedacinho de um bem tão precioso. Esse dia foi sendo adiado anos por puro egoismo. Há dois meses decidi cumprir a minha promessa e sou, desde então, dadora de medula óssea. Sei que este simples gesto pode salvar uma vida. Sei que houve alguém que salvou a irmã da minha amiga, eu já posso ser esse alguém...
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